Pular para o conteúdo principal

SOU HISTORIADOR, NÃO MARXISTA.


 

SOU HISTORIADOR, NÃO MARXISTA. (Profº Msc Magaiver Luiz)

Em muitas palestras e aulas que ministro, muitas pessoas me perguntam o seguinte: “prof. O sr é historiador, e não é marxista? Como pode?”

Eu me deparo com essa pergunta frequentemente, e por demasia sou visto como a ovelha fora do rebanho entre nós historiadores.

Magaiver, jogaste teu curso no lixo? Não aprendeste nada?

Aprendi sim, muito. A história é algo maravilhoso, talvez a melhor ciência do mundo. Mas antes de tudo, eu preciso discernir a ciência história da doutrinação na história.

É fundamental que entendamos a história vista como a ciência do homem no tempo.

Durante décadas as universidades (raras exceções, se existirem) buscaram em suas pesquisas científicas levar o marxismo para os trabalhos acadêmicos e científicos.

A partir da escola dos analles, a visão do homem pelo homem é colocada em pauta. E isso é louvável sim. Já que a história é a ciência do homem no tempo, porque não olhar esse homem? Claro!

A história problema, e os pontos de vista, fizeram sucumbir o teor positivista da esfera historiográfica.

E aí reside um grande problema não discutível. Refutou-se em demasia a história positivista, que deu sua contribuição à ciência histórica.

O modelo de ordem e progresso, que nossa bandeira nacional ainda deixa orgulhosamente à mostra como frase comtiana, já é mais “permitido” dentro das pesquisas acadêmicas. Criou-se um sem numero de pesquisas que justificavam o modelo exclusivo implantado por Marx.

Esse modelo se tornou lugar comum. Se tornou a base de qualquer pesquisa histórica. O conteúdo programático inserido nas instituições de ensino superior, foram norteados para que desde a cerne pudéssemos, nós historiadores, abraça-lo mesmo que inconscientemente. E assim, olhar nosso ator histórico, nosso problema histórico com um olhar pautado na doutrina marxista.

Eu entendi isso. E a síndrome de Robin Hood não afetou o meu discernimento do certo ou errado.

É inegável que é uma filosofia perfeita. É uma filosofia que tem as respostas para tudo, que seduz o jovem “rebelde” e “dono do mundo” que nós temos quando entramos nas universidades para cursar história ou ciências humanas.

O processo de encarnação da doutrina nos força a olhar nossas vidas por apenas um viés. Tal como um jogador de xadrez vê numa lajota quadriculada peças e possíveis jogadas, os historiadores marxistas, formados na juventude, assim o fazem.

Logo, o pensamento crítico é apenas para criticar! A mea culpa em compreender que a filosofia perfeita não se aplica com sucesso quando se tem uma realidade em jogo, não existe.

A programação mental é facilitada quando o ser humano ainda está aprendendo a pensar. Quando criança palavras chaves como “não!” “obrigado!” “por favor!”  nos são ditas e levamos para vida.

Deste modo, a mudança de pensamento, para entendimento “crítico”, tem na escola marxista palavras chave que norteiam e reprogramam as mentes desatentas. “Capitalismo Selvagem”; “Exploração das massas”; “imperialismo” “capital estrangeiro” são alguns “nãos, obrigados e por favores” que levamos agora da vida adulta para a velhice.

Sendo assim, eu compreendi com os marxistas, que a história tem o lado do “explorado” mas também tem o lado do “explorador”. Fazer entender que a história não é maniqueísta, que não existe bom ou mau, mocinho ou vilão é o grande desafio para historiadores sérios.

Historiadores, são antes de cientistas, seres humanos que recebem valores de certo e errado na infância. Recebem valores morais, éticos e religiosos (não podemos ser hipócritas quanto a isso) que estão na origem do DNA e da formação do pensamento humano.

O conhecimento que nos é passado enquanto aprendizes de cientistas, é carregado de valores, muitas vezes, em desacordo com o que você aprendeu. Isso é ruim? Jamais! Apesar de ateu, Immanuel Kant foi crasso quando diz “o sábio pode mudar de opnião. O idiota, nunca!”

Entretanto, opnião não é valor! Valores não podem ser mudados e os valores adquiridos em nossas casa, com nossas famílias, os conceitos certo e errado, não podem sucumbir a ideais que vão de encontra aos valores nossos aprendidos no cerne do que transforma a humanidade, a família!

Leio Marx como mais um pensador, escrevo sob Marx porque sou profissional, e não pode-se negar a influencia dele no ocidente por conta da difusão de seu pensamento nas universidades. Contudo, a vivência, a filosofia marxista, assim como tantas, sofreu lacerações, desvirtuou-se ainda mais de um caminho ia de nenhum lugar para lugar nenhum.

Russia, Venezuela, Cuba e Coréia do Norte, são exemplos do despedaçamento de uma filosofia que nasceu pobre e atualmente deixa países, outrora ricos, ainda mais pobres. Nasceram sob a égide do tal socialismo, e hoje são um conglomerado de ditaduras que sequer sabem de onde vem.  

A historiografia atual não pode mais olhar a concretude dos fatos baseado apenas numa visão, já que “tudo que é solido desmancha no ar” (Marx).  

@MagaiverLuiz       

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Reis Taumaturgos.

Resumo “Os Reis Taumaturgos: O caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra” (Marc Bloch) Os reis Taumaturgos, escrito pelo historiador Marc Bloch, se consolida a priori, como um livro de certa forma, cansativo, pois a quantidade de informações trazidas na obra são muitas; não é a toa que a obra se mostra como uma história de longa duração. Partindo da idade média até o século XVIII, Bloch traz como ponto fundamental da sua obra histórica, como Burke afirma, a crença de que os reis da França e da Inglaterra tinham um poder curativo, miraculoso de, simplesmente, com o toque de sua mão real seguido do sinal da cruz, poderiam curar as escrófulas, doença vigente na Europa neste recorte histórico, pois o rei francês e inglês em um homem sobrenatural, de uma linhagem nobre, que era abençoado por Deus e por isso surgis como um curandeiro das doenças. Neste caso, as escrófulas, denominada de o mau régio, se mostra como a doença que os reis eram os responsáveis por sua cura. Ao lon

EUA conservam vírus da Varíola, para que?

Foto: grupoescolar.com Os Estados Unidos manifestaram-se esta terça-feira favoráveis à conservação de amostras que restaram do vírus da varíola para fins de investigação, contra a ameaça de utilização como arma biológica, escreve a Lusa. A questão do destino das últimas amostras deste vírus, que foi erradicado nos anos 80, foi hoje evocada no primeiro dia da Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra. Um projecto de resolução propondo a conservação destas amostras para fins de pesquisa por cinco anos foi estudado, explicou à imprensa a secretária norte-americana da Saúde, Kathleen Sebelius. «O programa de pesquisa sobre a varíola da Organização Mundial de Saúde conclui de maneira definitiva que as pesquisas adicionais são necessárias para proteger a saúde pública», acrescentou. A responsável norte-americana prometeu que os Estados Unidos divulgarão todos os resultados. Minha Opnião: Eu acho impressionante a cara de pau dos Norte Americanos em dizer para o mundo que o vírus

Os pontos Positivos das Guerras Mundiais.

A Europa após a 1ª Guerra Mundial. O fim da Primeira Guerra Mundial trouxe muitos prejuízos para os países derrotados, em especial a Alemanha. O Tratado de Versalhes colocou fim a Primeira guerra Mundial, este foi assinado pelos “Três Grandes” países vencedores da referida guerra, EUA por Woodrow Wilson, a Inglaterra pelo primeiro ministro David Lloyd George e a França por Georges Clemanceau, impondo a derrota alemã. A decada de 1930 trouxe a tona o espirito do militarismo, no qual predominavam a disciplina e o autoritarismo. Assim muitos partidos politicos surgem no mundocom este discurso de extrema direita, dentre eles, na Alemanha, o partido nazista de Adolf Hitler surge como o partido “salvador da pátria” alemã, haja vista que o país já estava arrasado após derrota na Primeira Guerra, com a pobreza e a inflação bastante alta, e principalmente, com o orgulho alemão ferido. Deste modo, o partido Nazista prega o nacionalismo e a volta por cima da Alemanha para tornar a ser uma grande